O que se tornou banal nos dias que correm teve um longo percurso para chegar a toda a classe social. O talher mais antigo foi justamente a faca que tem mais de 25 mil anos. Foi no Período Paleolítico ou Período da Pedra lascada que Homo Erectus teve necessidade de criar um utensílio para caçar e se defender dos animais. A faca era feita de pedra lascada e foi o segundo utensílio a ser inventado a seguir ao machado.
Período Paleolítico |
No ano 3000 a.C. as facas começaram a ser feitas em bronze e passaram a ser também utilizadas para descascar frutas. Foram os Romanos que manufacturaram as primeiras laminas de aço. Nas Idades do Bronze e do Ferro já colocavam um cabo na extremidade da lamina, muito úteis para os campos de batalha e tornando-as mais resistentes. Aqui a faca já era utilizada como utensílio doméstico servindo para a preparação os alimentos. Durante o Século XIV era usual cortar a carne e espetá-la com facas pontiagudas durante as refeições.
Até ao Século XI as pessoas achavam que os alimentos doados por Deus eram sagrados por isso deviam ser comidos com as próprias mãos. O que diferenciava o povo da nobreza e clero era a maneira de pegar nos alimentos, o povo com a mão e os nobres apenas com três dedos. A educação aqui também se observava no aprofundar demoradamente ou na leveza breve de retirar os alimentos.
Domenico Salvo, um nobre de Veneza, casou-se com a princesa Teodora de Bizâncio no ano 1075 . Esta princesa pediu que fizessem um objecto pontudo, com dois dentes, para espetar os alimentos. Seria um garfo em ouro, com o qual levava à boca os alimentos, não os tocando com as mãos, previamente cortados pelos serventes da casa. Foi o primeiro garfo e criou muita polémica, pois as pessoas estavam reticentes em comer com o talher. Este costume foi considerado demoníaco pela Igreja Católica, pois acreditavam que o seu par de dentes lembrava o forcado com o qual a iconografia clássica representa o diabo. A princesa morre de uma doença degenerativa em 1083 e a sua morte foi vista como castigo divino do seu grande pecado
O garfo foi uma das inovações acusada de ser "afeminadas" e uma sofisticação desnecessária, sendo o terceiro e último talher a ser utilizado vindo a substituir a faca de ponta aguçada que servia para retirar a carne dos pratos.
A colher apenas era utilizada na preparação dos alimentos e para os colocar nos pratos. Antes de ser manufacturado este talher, com cerca de 20 mil anos, utilizavam conchas de moluscos. As primeiras colheres foram esculpidas na pedra ou osso, depois na madeira ( os gregos utilizavam colheres de madeira para comer os ovos), mais tarde artesanalmente moldadas no metal.
Gradualmente o clero (Igreja) e a nobreza foi introduzindo o uso de um talher ás refeições. Só por volta de 1620 é que o espeto de dois dentes chegou à mesa do povo, no inicio do Século XIX passou a ser de três dentes e em 1880 passou a ser de quatro dentes.
Uma sugestão para quem queira proporcionar uma refeição agradável a amigos, familiares, namoradas, surpreendendo-os ao colocar o anel a servir de argola no guardanapo de papel.
O primeiro grande defensor das boas maneiras à mesa foi o cardeal francês Richelieu, que a partir de 1630 começou a defender essa prática.
Conjunto de facas e garfos com cabo em porcelana de Meissen, cerca 1880 |
No século XIX a aristocracia compunha o seu faqueiro com a faca e o garfo de prata ou com um banho de prata. Estas com um formato característico e que as diferenciava, próprias para separar a espinha do peixe, pois o metal deteriorava-lhe o sabor. Antes deste talher ter sido inventado a aristocracia comia o peixe com um garfo e um pedaço de pão ou então com dois garfos. Mesmo depois, insistiam em comer o peixe com dois garfos, deixando a classe média supera-los, passando estes a compor o seu talher com a faca de peixe, sendo este um sinal de que a prataria da família teria sido comprada e não herdada.
É relativamente recente a industrialização dos talheres, pois só em 1921 os EUA colocaram no mercado talheres em aço inoxidável.
Reza a lenda que num período da nossa história, prendiam coelhos vivos nas cadeiras, para servir de guardanapos.
Já no Século XX o guardanapo deve ser branco assim como a toalha. “O guardanapo bem como a toalha
deve ser d’uma brancura immaculada” ,“Nunca se segura o guardanapo ao pescoço. O guardanapo deve permanecer sobre os joelhos” Condessa de Gencé -1909 em seu “Tratado de civilidade e etiqueta”.
A Partir de 1950 aparecem os jogos americanos, somente para as ocasiões informais. Nas ocasiões formais a toalha deve ser branca em fino damasco, linho puro ou rendas e o guardanapo a combinar.
Reza a lenda que num período da nossa história, prendiam coelhos vivos nas cadeiras, para servir de guardanapos.
No Império Romano durante as refeições, mantinham os escravos a circular à volta da mesa com bacias de água para que os seus senhores pudessem lavar as mãos e a boca.
Na Idade média já se compunham as mesas com toalhas que também serviam para limpar a boca e as mãos.
No Século XIII apareceram as touailles, pedaços de pano que estavam pendurados nas paredes, que eram utilizados tanto para cobrir os restos de comida que sobejava como para limpar a boca e as mãos.
Já no final do Período Medieval surgem os primeiros guardanapos ( toalhas individuais enormes bordadas de linho ou algodão e luxuosamente franjadas ) eram colocadas no ombro ou braço esquerdo. No Século XVII passou a ser amarrado em torno do pescoço. Henrique III para comer os morangos prendeu a toalha ao pescoço, a moda pegou e a partir dai passou também a servir para proteger a roupa. No inicio do Século XIX , também para proteger a roupa de uma forma mais elegante, os guardanapos já eram colocados em cima joelho, embora ainda fossem muito grandes.
Este serviço pertencia a uma família
de classe média baixa.
Prato de porcelana Sado Internacional
relativamente recente com cerca de 40 anos
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A Partir de 1950 aparecem os jogos americanos, somente para as ocasiões informais. Nas ocasiões formais a toalha deve ser branca em fino damasco, linho puro ou rendas e o guardanapo a combinar.
Faca e garfo em aço com os cabos em chifre de cervo com 60/70 anos Vista inferior dos talheres |
Copo com o escudo em cobre |
Argola e guardanapo com 40/50 anos. Curiosidade da argola, tem inscrito "CONCEPCÍON" O guardanapo tem as minhas iniciais (~_~) |
Os guardanapos de pano querem-se de uma candura primorosa e muito bem engomados, por esse motivo é que hoje só são usados em ocasiẽs especiais, devido ao tempo e trabalho que temos de lhes dedicar.
Hoje pertencemos à Idade do Plástico e do Papel. A partir de 1970, as mulheres abriram mão das tarefas domésticas para se dedicarem ao trabalho fora de casa que as remunerasse e onde se sentissem realizadas. Foi por essa altura que surgiu o guardanapo de papel de cor branca, uma das novidades aplaudidas pelas senhoras. Hoje podemos encontrar os guardanapos de todo o tipo de cores e até personaliza-los. Talheres de plástico e guardanapos de papel são práticos e descartáveis. Duas da "Modernices" que em muito têm prejudicado o meio ambiente devido ao tempo que a natureza leva para decompor o plástico (até 450 anos) e o guardanapo ( 3 meses). Uma das soluções em sociedades civilizadas é colocar os talheres de plástico em ecopontos para serem reciclados e reutilizados, em relação aos guardanapos de papel, como não são recicláveis produzem detritos exagerados.
Mulher moderna, inovadora, criativa, artesã da terra, além de muitas outras façanhas, Beatriz Esteves hoje presenteou-me com este engraçado anel de pechisbeque com o qual eu tive a ideia de a saudar.
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